Grandes
partes da Europa, do oeste e do centro da África e da América do Sul
enfrentam a ameaça de surtos de dengue devido a mudanças climáticas e
maior urbanização, de acordo com os primeiros mapas da vulnerabilidade à
doença divulgados pela Universidade das Nações Unidas (ONU) nesta
terça-feira (23).
A
pesquisa descobriu que a doença, transmitida pela picada de mosquitos
do gênero Aedes, principalmente o Aedes aegypti, e que pode levar à
morte, está se movimentando, e os mapas que indicam as áreas vulneráveis
são uma ferramenta para ajudar a prevenir surtos. "Mudanças no clima
podem resultar num aumento da exposição e representar uma ameaça grave a
áreas que não sofrem com a dengue endêmica no momento", disse o
relatório.
Os
cientistas afirmaram que, à medida que o planeta aquece, a dengue pode
alcançar grandes porções da Europa e regiões montanhosas da América do
Sul, áreas hoje muito frias para abrigar os mosquitos durante o ano
inteiro. A previsão é que casos podem se espalhar nas regiões central e
ocidental do continente africano, onde o saneamento básico e o serviço
de saúde são insuficientes.
Monitoramento prévio
Os
novos mapas ilustram a expansão e a contração da vulnerabilidade à
dengue durante o ano, mostrando os locais críticos e onde o vírus pode
se tornar perigoso. Assim, os países poderiam fazer o monitoramento.
"Vimos
em relação ao ebola que neste mundo globalizado em que vivemos doenças
infecciosas podem viajar", disse Corinne Schuster-Wallace, pesquisadora
da Universidade das Nações Unidas. "As condições dessas doenças são
dinâmicas, e, uma vez que estamos mudando o nosso padrão social e
ambiental, a distribuição global de doenças como a dengue vai mudar."
Atualmente,
o Brasil encabeça a lista dos dez países com mais casos da doença.
Entre 2004 e 2010 foram registrados cerca de 450 mil ocorrências de
dentue no país. Indonésia, Vietnã, México, Venezuela, Tailândia,
Filipinas, Colômbia, Malásia e Honduras também fazem parte da lista
feita pelo estudo.
Embora
os mapas não tenham sido feitos para prevenir surtos, ela disse que se
os mosquitos e o vírus chegam em áreas vulneráveis, a dengue pode se
tornar endêmica nesse lugar. Não há vacina para a dengue, doença que
mata um número estimado de 20 mil pessoas por ano e infecta até cem
milhões, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS).
No
entanto, alguns especialistas afirmam que o número de pessoas
infectadas por ano pode ser mais de três vezes a estimativa da OMS. O
atual método para combater a dengue é a fumigação dos locais de
reprodução dos mosquitos.