Um ranking elaborado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) e divulgado nesta quinta-feira revelou que entre os dez países do mundo com o maior número de trabalhadores domésticos, oito estão no chamado mundo em desenvolvimento.
São eles: Brasil, Índia, Indonésia, Filipinas, México, Colômbia, Argentina e Arábia Saudita. Espanha e Estados Unidos representam o mundo desenvolvimento na lista, em nono e em décimo lugares.
Segundo o relatório, as cinco primeiras nações têm um total de 17,5 milhões de pessoas, entre empregadas, babás e caseiros, que prestam serviços domésticos. Apenas no Brasil, que lidera a lista, esse contingente é de 7,2 milhões de pessoas, segundo o IBGE.
"O desemprego, combinadas à baixa qualificação profissional de grande parte da população feminina nos países mais pobres podem explicar esta tendência", esclarece à BBC Brasil Martin Oelz, especialista em direito do trabalho da OIT sobre as condições de trabalho no mundo.
Ainda segundo Oelz, os países emergentes foram os principais responsáveis pelo crescimento global do setor, que passou de 33 milhões de trabalhadores domésticos em 1995 para 53 milhões em 2010.
O especialista explica que, especificamente nos emergentes, "o aquecimento do mercado trabalho vem atraindo mais mulheres que, em retorno, contratam domésticas para cuidar dos filhos e da casa", avalia Oelz.
A organização não tem dados por país que mostrem o peso do emprego doméstico sobre o total da população economicamente ativa, mas estatísticas regionais confirmam a maior importância desse setor nas nações mais pobres.
Segundo a OIT, América Latina e Caribe é a região com maior percentual de domésticos (7,6%) na população empregada, seguida pelo Oriente Médio, com 5,6%.
Nos países desenvolvidos, esta taxa é de apenas 0,8%.
Ele cita que os países com menor taxa de empregados domésticos são Austrália, Japão, Hungria e Montenegro.
Convenção
No ano passado, a OIT aprovou a Convenção 189 sobre o Trabalho Decente para os Trabalhadores Domésticos, que garante a eles os mesmos direitos fundamentais que existem para os demais trabalhadores. O Brasil teve um papel ativo na aprovação da convenção.
A organização defende que os países implementem mudanças em suas legislações para que os domésticos sejam tratados de forma mais igualitária e mudem o estigma negativo em torno da profissão – frequentemente desvalorizada e negligenciada.
Martin Oelz cita o Senegal, na África, como exemplo positivo na mudança da percepção do trabalho doméstico. Centros de treinamento estão sendo instalados nas cidades para receber jovens da zona rural em busca deste tipo de trabalho.
As agências oferecem treinamento sobre as principais tarefas que elas vão desempenhar, além de noções de seus direitos e dos potenciais perigos da profissão.
BBC Brasil