O presidente gabonês Omar Bongo, presidente de longa data do Gabão, faleceu numa clínica espanhola. Tinha 73 anos de idade.
O primeiro-ministro gabonês, Jean Eyeghe Ndong emitiu um comunicado oficial confirmando a morte de Bongo esta segunda-feira, pouco depois dela ter sido noticiada pela imprensa espanhola.
Segundo o primeiro-ministro, a morte de Bongo deu-se na sequência de um ataque de coração.
Bongo fora admitido na clínica de Barcelona e 21 de Maio, depois de ter suspendido as suas responsabilidades presidenciais.
Responsáveis gaboneses diziam que ele estava a recuperar da morte recente da esposa, mas as notícias que circulavam indicavam que Bongo sofria de cancro.
Bongo estava a ser investigado por um juiz francês por alegado uso de fundos estatais para comprar propriedades e bens de luxo em Franca.
De acordo com a Constituição gabonesa, a líder do Senado, cargo ocupado por Rose Francine Rogombe, assumir interinamente a presidência ate à realização de novas eleições presidenciais.
Mas quem era Omar Bongo?
Albert Bernard Bongo nasceu em Dezembro de 1935, perto da fronteira com a República do Congo.
Graduou-se no Instituto técnico comercial de Brazzaville e trabalhou na administração colonial francesa no Departamento de Telecomunicações antes de receber treino militar. Foi capitão da Forca Aérea e serviu em Brazzaville e Bangui, e em Ndjamena.
Aquando da independência em 1960, Bongo trabalhava no Ministério dos Negócios Estrangeiros e dirigia o gabinete presidencial para a Informação e Turismo. O presidente Leon M'ba colocou-o então a cargo da defesa nacional antes de o nomear vice-presidente, isto em 1966. Quando o presidente M'ba faleceu, um ano mais tarde, Bongo tornou-se num dos mais jovens chefes de estado africanos. Tinha 31 anos de idade.
Durante toda a sua carreira, o presidente Bongo procurou mediar conflitos regionais, incluindo a violência na República Centro Africana, Burundi e República Democrática do Congo. O Gabão foi o segundo pais africano a reconhecer a independência dos separatistas nigerianos na república secessionista do Biafra.
Após conversações com o presidente francês Charles de Gaulle em 1968, o presidente Bongo disse aos repórteres estar chocado e indignado com notícias publicadas em jornais sobre que o Gabão e a França estavam a ajudar a armar a rebelião. Ele disse que os voos de Libreville para o Biafra eram puramente humanitários.
A maior parte das histórias sobre este conflito indicam que a França e o Gabão, juntamente, com Portugal e a Costa do Marfim, enviaram armas para o Biafra antes da rebelião ter sido esmagada pelo exército da Nigéria.
Bongo converteu-se ao islamismo em 1973 e mudou o seu nome para Omar.
O Gabão aderiu à organização dos Países Exportadores de Petróleo, OPEP, em 1975 com os proventos petrolíferos a contribuírem para um crescimento económico estável, totalizando mais de 80 por cento das receitas e dando aos gaboneses um dos rendimentos per capita dos mais elevados na África subsariana. Mas nem todos viram uma distribuição equitativa da riqueza, e as Nações Unidas estimam que cerca de 70 por cento da população gabonesa vive abaixo da linha da pobreza.
Nos anos 80, o presidente Bongo resistiu aos pedidos para que fossem feitas reformas políticas. Mas uma serie de greves e detenções ligadas a uma alegada tentativa de golpe de estado acabariam por o levar a aceitar um governo multi-partidário de unidade nacional, em 1990.
Foi re-eleito em 1993 e em 1998, em eleições rejeitadas pelos opositores políticos, que alegaram fraude.
O julgamento por corrupção de um antigo presidente da petrolífera francesa Elf implicou o presidente Bongo num escândalo de suborno, acusação que ele desmentiu numa entrevista em 1996, à televisão francesa.
O presidente Bongo disse que o julgamento por corrupção foi um assunto inteiramente francês, e que não o envolvia a ele ou ao Gabão.
Ele foi um dos três líderes africanos investigados por um juiz francês por desvio de fundos públicos. O grupo anti-corrupção Transparência Internacional afirma que as mais de 30 propriedades da família Bongo em Paris e Nice, estimadas em cerca de 200 milhões de dólares não poderiam ter sido compradas apenas com o seu ordenado oficial.
O presidente Bongo negou ter feito algo inapropriado. As suas contas em França foram congeladas em Fevereiro último.
Após a morte da sua mulher, em Março, o presidente Bongo suspendeu as suas actividades pela primeira vez desde que assumiu o poder em 1967, e internou-se numa clínica em Barcelona para recuperar do que o seu governo descreveu como "intenso choque emocional."