O Senado da Colômbia aprovou, nesta terça-feira, o projeto de referendo de reeleição que poderá abrir caminho para que o atual presidente, Álvaro Uribe, concorra a um terceiro mandato presidencial.
Após meses de embates internos entre a bancada governista, o referendo foi aprovado na última das quatro votações a que foi submetido, por 62 votos a favor e cinco contra.
Os partidos opositores Liberal e Polo Democrático deixaram o plenário no momento da votação, afirmando que o ministro de Interior, Fábio Valencia, estaria "de bancada em bancada, comprando a votação".
O projeto de referendo esteve a ponto de ser barrado devido a denúncias de irregularidades no financiamento da campanha que promoveu a proposta.
Entre estas denúncias, está a suposta ajuda de um dos principais acusados no escândalo das pirâmides financeiras, David Murcia, à campanha.
Murcia afirmou ter doado US$ 2 milhões para a campanha de coleta de assinaturas, requisito necessário para levar a proposta a debate no Congresso.
Redação
Agora, o texto do projeto aprovado pelo Senado deve ser conciliado com a versão que foi aprovada pela Câmara, em dezembro do ano passado.
Na Câmara, o uribismo pode enfrentar certa resistência entre a própria base governista, por causa da redação do projeto.Um suposto erro de redação na proposta que foi apoiada por quase 5 milhões de assinaturas estabelece que o presidente da República poderia candidatar-se a um terceiro mandato somente nas eleições de 2014.
Uma coalizão de partidos governistas, por sua vez, pretende modificar o texto para permitir que Uribe possa candidatar-se à sua segunda reeleição já em 2010.Quando o texto for ajustado nas duas casas legislativas, será levado à Corte Constitucional, órgão que determinará a validade ou não da proposta. Se for aprovado, o presidente deverá sancionar a lei e em seguida o referendo deve ser convocado.
Depois disso, a batalha seria nas urnas. Para que a Constituição seja modificada, é preciso que cerca de 7,5 milhões de votos - 25% do total de eleitores - aprovem a emenda.Se isso ocorrer, será a segunda reforma realizada no mesmo artigo da Constituição sob o governo Uribe.
A primeira mudança ocorreu em 2004, para permitir que o presidente colombiano, eleito em 2002, concorresse a uma primeira reeleição presidencial em 2006.
Contra o tempoA base governista corre contra o tempo, pois o referendo precisa ser convocado até o mês de novembro, quando termina o prazo legal para que Uribe anuncie sua candidatura a um novo mandato.Uribe até agora não disse se pretende ou não disputar uma nova eleição.
Entre outros aliados do presidente, o ex-ministro de Defesa, Juan Manuel Santos, que renunciou na segunda-feira, também está de olho na cadeira presidencial.
Visto como um dos principais protagonistas da política de enfrentamento às guerrilhas, Santos disse que não competirá com o atual presidente e que concorrerá à Presidência somente se Uribe não se candidatar.
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"Minha candidatura depende do presidente Uribe", disse a uma rádio local.
O ex-ministro de Defesa afirmou, porém, que sua "intuição" diz que Uribe não irá se candidatar a um terceiro mandato.
Gozando de altos índices de aprovação, o governo de Uribe tem sido marcado pela dura política de combate às guerrilhas e por supostos vínculos de aliados do governo com grupos de narcotraficantes.