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domingo, 21 de dezembro de 2014

BC prevê para 2014 maior déficit das contas externas em 13 anos

As contas externas brasileiras devem fechar 2014 com o pior resultado em 13 anos, segundo estimativa divulgada pelo Banco Central nesta sexta-feira (19). A expectativa é que o resultado negativo em transações correntes some US$ 86,2 bilhões neste ano, o equivalente a 3,94% do Produto Interno Bruto (PIB).

As transações correntes são um dos principais indicadores do setor externo, e englobam as transações comerciais do Brasil com o exterior, além da conta de serviços e de rendas. Em novembro, esse déficit somou US$ 9,33 bilhões (o maior para este mês) e, no acumulado dos onze primeiros meses deste ano, totalizou US$ 80,3 bilhões, de acordo com o BC.

Um dos maiores déficits do mundo
Se confirmado o forte déficit estimado pelo BC para 2014, de US$ 86 bilhões, será o maior valor, na proporção com o PIB – indicador considerado mais adequado por especialistas para este tipo de comparação – desde 2001, quando o resultado negativo somou 4,19% do PIB.

Ao redor de 4% do PIB, o déficit brasileiro, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), é um dos maiores do mundo.

Para 2015, ainda de acordo com o Banco Central, o déficit em transações correntes deve ter queda, mas ainda permanecerá elevado para padrões internacionais. A expectativa da instituição é de que o resultado negativo some US$ 83,5 bilhões no ano que vem, o equivalente a 3,8% do PIB.

Balança comercial negativa em 2014
Segundo o BC, a balança comercial brasileira deverá registrar, neste ano, um déficit de US$ 2,5 bilhões, com exportações em US$ 227,5 bilhões e importações em US$ 230 bilhões. Se confirmado, será o primeiro déficit comercial em 14 anos. Desde o ano 2000 que as importações não superam as vendas externas. Também será, se confirmado, o pior resultado desde 1998 - quando foi registrado um déficit de US$ 6,6 bilhões.

Para 2015, o BC prevê uma melhora na balança comercial brasileira. A estimativa da autoridade monetária é de um superávit de US$ 6 bilhões nas transações comerciais do país no ano que vem, com exportações em US$ 234 bilhões e compras do exterior em US$ 228 bilhões. O presidente do BC, Alexandre Tombini, avaliou nesta semana que a queda do preço do petróleo favorece o saldo da balança comercial em 2015.

Investimento estrangeiro direto
O Banco Central manteve em US$ 63 bilhões sua previsão para o ingresso de investimentos no Brasil em todo este ano. Com isso, os investimentos não serão suficientes, novamente, para "financiar" em sua totalidade o déficit das contas externas neste ano – algo que já aconteceu em 2013 e que, antes disso, não ocorria desde 2001.

Para 2015, a previsão da autoridade monetária é de que os investimentos estrangeiros somem US$ 65 bilhões, não sendo suficientes, outra vez, para financiar o déficit em conta corrente do próximo ano – previsto em US$ 83,5 bilhões.
Financiamento do déficit externo

Quando o déficit não é "coberto" pelos investimentos estrangeiros, o país tem de se apoiar em outros fluxos, como ingresso de recursos para aplicações financeiras, ou empréstimos buscados no exterior, para fechar as contas.

Economistas alertam, entretanto, que em um cenário de crescimento menor do PIB, de indicadores ruins das contas públicas e externas brasileiras e de menor disponibilidade de recursos nos mercados (com a sinalização de possível alta nos juros nos EUA em 2015 e crise na Rússia), a atratividade da economia brasileira também é menor, o que pode significar um pouco mais de dificuldade no financiamento do déficit das contas externas.

O governo tem lembrado, entretanto, que as reservas internacionais brasilerias, acima de US$ 370 bilhões, conferem tranquilidade na administração das contas externas brasileiras.

Outros componentes das contas externas
Além da balança comercial brasileiras, dentro da conta de transações correntes também estão as rendas, que incluem, por exemplo, as remessas de lucros e dividendos ao exterior, e os serviços – que englobam as viagens de brasileiros ao exterior, seguros e aluguel de equipamentos, entre outros.

No caso das rendas, o BC informou que foi registrado um déficit de US$ 33,73 bilhões de janeiro a novembro deste ano. Para 2014 e 2015, respectivamente, a estimativa da autoridade monetária é de um resultado negativo de US$ 39,6 bilhões e de US$ 40,2 bilhões nesta conta.

A conta de serviços, por sua vez, que engloba os gastos de brasileiros no exterior, registrou um déficit de US$ 43,7 bilhões nos onze primeiros meses de 2014. Para todo este ano e para 2015, respectivamente, o BC prevê um déficit de US$ 46,6 bilhões e de US$ 51,6 bilhões para a conta de serviços.

G1