MUDAMOS DE ENDEREÇO

O ANTIGO LAGOA DE DENTRO ON LINE AGORA É O DIÁRIO DE LAGOA DE DENTRO. CLICK AQUI E ACESSE

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Técnicos negros sofrem para quebrar preconceito e ganhar espaço no futebol

Se nos gramados os negros conseguiram cavar seu espaço (e obter protagonismo) no futebol mundial, fora das quatro linhas eles ainda lutam por um lugar ao sol. E não está nada fácil avançar a postos de comando no esporte mais popular do planeta.
Apenas 19 dos 552 principais cargos disponíveis no comando dos times de futebol profissional da Inglaterra são ocupados por negros, segundo um levantamento feito no país e divulgado no início desta semana.
No Brasil, em todos os 20 clubes da Série A, só um é comandado por um negro – o Fluminense, com o técnico Cristóvão Borges. Contando as duas principais divisões nacionais (Séries A e B), só 15% dos treinadores são negros – 6 dos 40.
"Se você descer a hierarquia, você vai ver mais negros - massagistas, roupeiros, treinadores de goleiro. Mas treinador, dirigente, são cargos maiores e não querem dar esse espaço aos negros", disse à BBC Brasil o cientista social Marcel Diego Tonini, pesquisador da USP que tem trabalhos de mestrado e doutorado sobre o tema "negros no futebol".
Primeiro negro campeão brasileiro, o técnico Andrade, que comandou o Flamengo na conquista do título nacional em 2009, não teve outra chance em clubes de elite após a passagem pelo time carioca. Para ele, ainda há resistência na hierarquia do futebol porque "não estão preparados pra verem um negro dirigindo um clube."
"A dificuldade é da história do nosso país, ela dificulta as ações de negros para assumirem cargos de grande importância. Acontece nas grandes empresas e acontece no futebol também", contou à BBC Brasil.
Alguns dirigentes brasileiros, no entanto, discordam que a ausência de negros no comando do futebol esteja relacionada a racismo ou preconceito. Paulo Pelaipe, diretor de futebol com passagens por Grêmio e Flamengo, é um deles – no time carioca, ele trabalhou com Jayme de Almeida, técnico negro que comandou a equipe no título da Copa do Brasil em 2013 e foi dispensado de forma polêmica neste ano.
"Eu não vejo assim, não sinto isso. O Jayme (de Almeida), por exemplo, sempre foi muito apoiado pela torcida, é uma pessoa espetacular. A comissão tinha muitos negros, não tinha distinção, e é assim que tem que ser. As pessoas valem pelo seu caráter", disse.
O presidente do Atlético Mineiro, Alexandre Kalil, também negou que haja preconceito contra dirigentes ou técnicos negros. "Não tem técnico negro? Então ligue para a (presidente) Dilma e mande ela fazer uma cota pra técnico negro", ironizou. "Eu sou um árabe, não sou um negro, mas também sou discriminado (na sociedade). Não acho que exista nenhum preconceito (no futebol)", disse.