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sábado, 1 de novembro de 2014

Manifestação contra Dilma reúne 2,5 mil em São Paulo

01/11/2014 15h26 - Atualizado às 20h45

Seis dias após a reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT), cerca de 2.500 pessoas, segundo a Polícia Militar, foram às ruas de São Paulo neste sábado (1º) para protestar contra o resultado das urnas e o governo da petista.

O ato convocado por meio das redes sociais começou na avenida Paulista, em frente ao MASP (Museu de Arte de São Paulo), por volta das 14h.

Protesto em SP contra a presidente Dilma acaba de maneira pacífica

"Boa tarde, reaças", cumprimentou ao microfone o empresário Paulo Martins, que foi candidato a deputado federal pelo PSC neste ano no Paraná. "É inegável que o PT constrói uma ditadura no país", acrescentou, sob fortes aplausos do grupo, que depois seguiu em caminhada.

Por volta das 16h30, os manifestantes tomaram a avenida Brigadeiro Luís Antônio, pela qual caminharam em direção ao parque Ibirapuera.

Com uma bandeira do Brasil sobre os ombros, o cantor Lobão defendeu a recontagem dos votos das eleições presidenciais e negou que o movimento tenha como propósito dar um novo golpe militar no país. "Não tem ninguém aqui golpista", disse ao microfone.

A caminhada foi marcada também por provocações entre simpatizantes da esquerda e da direita. Na avenida Paulista, alguns moradores de prédios da região estenderam nas janelas camisetas vermelhas e bandeira da campanha à reeleição da presidente.

"Vai para Cuba", gritaram os manifestantes em resposta. Eles fecharam uma das faixas da avenida, onde vendedores ambulantes ofereciam camisetas dizendo "impeachment já".

Veja Fotos

Além de pedirem o impeachment da petista, parte dos manifestantes defende um novo golpe militar no país.

"É necessária a volta do militarismo. O que vocês chamam de democracia é esse governo que está aí?", criticou o investigador de polícia Sérgio Salgi, 46, que carregava cartaz com o pedido "SOS Forças Armadas".

Os manifestantes diziam que o resultado das eleições deste ano de ser a "maior fraude da história" e o PT de ser "o câncer do Brasil". "Pé na bunda dela [presidente], o Brasil não é a Venezuela", gritaram.

Sob aplausos, o deputado federal eleito Eduardo Bolsonaro (PSC-SP), filho do deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ), foi apresentado ao microfone como "alguém de uma família que vem lutando muito pelo Brasil".

Em discurso, o parlamentar disse que, se seu pai fosse candidato a presidente, ele teria "fuzilado" a presidente. Segundo ele, Jair Bolsonaro será candidato em 2018 "mesmo que tenha de mudar de partido".

"Eu voto no Marcola, mas não voto na Dilma, porque pelo menos o Marcola tem palavra", disse, em referência a Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, um dos chefes da facção criminosa PCC.

A manifestação foi acompanhada pela Polícia Militar e pela chamada "Tropa do Braço", escalada para eventos de rua.

No microfone, o perito Ricardo Molina também acusou ter havido fraude no resultado das eleições presidenciais deste ano. "As urnas são fraudáveis, qualquer um que não seja analfabeto sabe disso", criticou.

Ao final da caminhada, por volta de 17h30, já próximo ao Monumento às Bandeiras, houve uma ameaça de racha entre favoráveis e contrários à intervenção militar.

Alguns manifestantes que participaram da concentração na avenida Paulista subiram em um segundo carro de som, que aguardava próximo ao parque Ibirapuera, e iniciaram uma discussão com o primeiro veículo, que participou de toda a caminhada.

"Vocês estão querendo desviar, isso é sacanagem, aqui não tem político", disse um manifestante no segundo carro.

"Ninguém é a favor de golpe", respondeu Lobão, no primeiro carro.

Ao fim, após uma rápida discussão, chegaram a um acordo e seguiram juntos com o movimento. "Todos aqui se respeitam, nós só queremos o bem do Brasil. Não podemos aceitar discórdia", pediu Paulo Martins.

O vice-presidente nacional do PSDB e ex-governador de São Paulo, Alberto Goldman, disse neste sábado (1º) que nem a sigla nem a direção da campanha do senador Aécio Neves (MG) incentivam, organizam ou dão suporte às manifestações contra a presidente Dilma.

Para Goldman, um dos críticos mais duros do PT no partido, seria uma "irresponsabilidade" compactuar com esse tipo de ato. Ele afirma que o país está com os ânimos inflamados. "Até por conta do tipo de campanha, muito suja, muito pesada, que o PT fez primeiro contra a Marina Silva (PSB) e depois contra o Aécio. Mas nem isso justifica um pedido de impeachment da presidente", avaliou.

Ele ressaltou ainda que, apesar de o partido ter pedido uma auditoria especial no TSE sobre a apuração dos votos, não há indício de fraude eleitoral. "Apenas uma constatação de que o acompanhamento de todo esse processo é deficiente e pode ser melhorado", afirmou.

 CONTRA ALCKMIN

Também neste sábado, cerca de 300 manifestantes –de acordo com a PM– realizaram protesto no largo da Batata, em Pinheiros, zona oeste de São Paulo, contra a crise de água no Estado.

O ato "Alckmin, cadê a água?" começou por volta das 15h no largo da Batata, seguiu por ruas de Pinheiros, até terminar, às 17h20, em frente a uma unidade da Sabesp na rua Sumidouro.

O protesto reuniu jovens de esquerda e ambientalistas. Havia militantes de partidos como PSOL, PSTU e, em menor número, do PT. Também havia grupos apartidários como Rua, Território Livre e Anel (Assembleia Nacional de Estudantes-Livre), e membros dos sindicatos de funcionários da USP e do Metrô.

Eles criticavam a postura do governo estadual em relação à gestão da crise da água. "Alckmin privatizou a Sabesp e acabou com a nossa água. Se a água acabar, São Paulo vai parar", disse Thiago Aguiar, do Juntos!, movimento de juventude do PSOL. "Viemos aqui para devolver o volume morto e pressionar a 'Dilma tucana' [Dilma Pena, presidente da Sabesp]."

Os manifestantes carregavam bandeiras e faixas culpando a gestão Geraldo Alckmin (PSDB) pela crise da água. "Alckmin molhou a mão do banqueiro e secou a Canteira", dizia uma delas. "A culpa não é de São Pedro", dizia outra.

Os manifestantes também criticaram o ato na Paulista. "Esses caras que falam em intervenção militar não têm ideia do que é ditadura. Não sabem nem o que é democracia, falam em impeachment logo depois de eleição", disse Carolina Arbache, 25, que disse não pertencer a nenhum movimento político.

PELO PAÍS

Também houve protestos contra a presidente Dilma neste sábado em Brasília, Curitiba e em Manaus.

Em Brasília, cerca de 350 pessoas se reuniram em frente ao Congresso Nacional, exibindo faixas com afirmações sobre fraudes nas eleições e pedindo o impeachment da presidente Dilma.

O grupo, acompanhado por um carro de som, caminhou pela Explanada dos Ministérios até a rodoviária, na região central da cidade, em um trajeto de cerca de 2 km, bloqueando parcialmente o trânsito. O protesto durou cerca de duas horas.

Na capital paranaense, segundo a PM, cerca de cem pessoas marcharam até a sede do governo, administrado pelo tucano Beto Richa.

Os manifestantes pintaram o rosto com listras pretas ou verde e amarelas, e carregavam cartazes com frases como "impeachment já", "fora PT" e "90% do PIB não elegeu a Dilma".

Alguns pediam a recontagem dos votos do pleito do último domingo.

Em Manaus, cerca de 50 pessoas se concentraram em frente ao Teatro Amazonas.


Fonte: Folha de São Paulo