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domingo, 28 de abril de 2013

Mulheres buscam aulas de artes marciais e de defesa pessoal para se defender da violência


Todos os dias, notícias de violência contra a mulher são divulgadas na mídia em todo o Brasil. Na Paraíba, 176 mulheres deram entrada em alguma unidade de saúde do SUS vítimas de violência sexual e física e 23 foram estupradas neste ano, segundo o Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan). 

No ano passado, 1.254 sofreram violência sexual e física e 223 mulheres foram estupradas, uma média de 18 estupros por mês. Algumas mulheres, para evitar tornarem-se mais uma nas estatísticas, estão recorrendo a treinos de artes marciais e de defesa pessoal. Este é o caso da pedagoga Lydiene Moreira Fonseca que já ficou sob a ameaça de uma faca durante um assalto e buscou no krav magá a segurança da autodefesa. 

O professor de krav magá, Edgar Torres, apontou que, além de aprender a se defender, a aluna queima até 700 calorias por aula, ajudando a perder peso e manter o físico. Porém, muitas mulheres ainda acreditam que lutar é esporte para homem e que requer muita força física, o que não é verdade. Segundo Edgar, as mulheres representam menos da metade – não chega a 40% – dos praticantes de artes marciais no Brasil, mas que esse número está crescendo. Ele ressaltou que qualquer pessoa, não importa a idade, sexo ou tipo físico, pode praticar o krav magá.       

Assim como no krav magá, o jiu-jitsu não tem limite de idade ou sexo. Na academia do professor de jiu-jitsu Vagner Guimarães, da equipe Boca Team, a faixa etária dos alunos vai de 4 anos até mais de 50 anos, de ambos os sexos. Inclusive, a filosofia de Hélio Gracie, o criador do jiu-jitsu brasileiro, é de que o menor e mais fraco pode vencer um adversário mais forte por meio da técnica. Para Vagner, qualquer arte marcial oferece a segurança de poder se defender em situações de agressão, mas ele destaca que é preciso dedicação e gostar do que está fazendo, pois requer muito treino para aprender aplicar os golpes adequadamente. 

“Transmite segurança”

Para a promotora de Justiça, Ana Maria França, saber técnicas de defesa pessoal transmite segurança para o cotidiano das mulheres. Ela pratica krav magá há seis meses e notou a necessidade de toda mulher saber se defender. Por causa da sua profissão, Ana Maria viu a importância de aprender técnicas que permitam sair de situações de agressão e chegar ilesa em casa, principal objetivo do krav magá. Ela lembrou que já sofreu uma tentativa de agressão dentro do gabinete e que, por sorte, outras pessoas a socorreram. 

Eu estava atrás do gabinete e consegui continuar conversando com a pessoa até alguém vir me socorrer. Depois desse caso, mais que nunca, percebi a importância de aprender a me defender. Se tivesse acontecido hoje, eu teria mobilizado, evitando que ele usasse algum objeto para me machucar”, relatou.   

Ana Maria disse que hoje se sente mais segura e que as aulas ensinaram-na a ter concentração e equilíbrio. “Por meio dos movimentos, criamos uma memória muscular, assim temos uma reação natural para as situações de agressão. No momento de tensão, a pessoa vai saber como fazer. Eu super indico para todas as mulheres”, afirmou. 

“Uso a paciência que a arte ensina”

Uma experiência dramática levou a pedagoga Lydiene Moreira Fonseca, de 29 anos, a procurar um treino de autodefesa. Há quase três anos, Lydiane, que na época trabalhava como recepcionista num estabelecimento, foi rendida e ficou refém de um assaltante, que roubou todos os clientes e proprietários. Sob a pressão de uma faca, que deixou várias marcas em seu corpo, o assaltante ainda insinuou que queria “algo mais”, abrindo a braguilha da calça de Lydiene. Um mês depois ela procurou o krav magá, técnica de autodefesa usada pelo exército de Israel, arte que ela treina até hoje. 

Lydiene acredita que hoje numa situação similar a que passou o cenário poderia ser diferente, pois ela está mais segura e calma para enfrentar uma violência. “Eu sempre gostei de luta, mas nunca procurei treinar, eu dava a desculpa que não tinha tempo. Depois da minha experiência, parti para buscar aulas de defesa pessoal e aprender a lutar por minha vida. Graças a Deus nunca precisei usar numa situação de violência, mas já usei em shows para me desvencilhar de caras que pegaram na minha mão. Com a técnica, eles nem notam que me soltei, acham que foi sorte”, relatou.

A pedagoga nunca usou a técnica do krav magá para escapar de uma agressão, mas já usou a paciência e controle que a arte ensina. Lydiene relatou que, numa madrugada, um ladrão entrou na sua casa depois de escapar da casa da vizinha. A vizinha ligou avisando. Mantendo a calma, Lydiene trocou de roupa, acordou os pais e ligou para a polícia e um amigo vigilante. “Eu me sentei, respirei fundo e contei até 10, como aprendi nas aulas. Acalmei meus pais e esperamos a polícia chegar. Se fosse antigamente, eu teria entrado em pânico”, contou. 

Porém, Lydiene lembra que é preciso dedicação e muito treino para ter a segurança de se defender. “A gente aprende com o tempo e treinamos muito para chegar à perfeição. No começo é difícil, mas com o treino consegue fazer os golpes”, destacou.
 
 
Do Portal Correio