Documentos da diplomacia americana, recém-vazados pelo WikiLeaks e divulgados neste domingo pelo New York Times, sugerem que governos pressionaram a agência antidrogas americana (DEA, na sigla em inglês) para grampear telefones, inclusive de adversários políticos.
Entre os governos citados estão os do Panamá e o do Paraguai.
Segundo o jornal americano, a DEA acabou se convertendo em uma organização global de inteligência, com atuação mais abrangente do que o combate às drogas.
Um dos documentos cita uma suposta mensagem de BlackBerry do presidente panamenho, Ricardo Martinelli, à embaixadora americana no país pedindo “ajuda para grampear telefones”, em agosto de 2009. Mensagem que, segundo ela, não fazia “distinções entre alvos de segurança legítimos e inimigos políticos”.
O governo panamenho respondeu em comunicado que o pedido foi “mal-interpretado”. “O pedido de ajuda era para a luta contra o crime, o tráfico de drogas e o crime organizado”, diz o comunicado. “Nunca pedimos ajuda para grampear políticos.”
Pressões
Em telegrama diplomático de fevereiro deste ano, o DEA tenta resistir a supostos pedidos do governo do Paraguai para espionar o grupo guerrilheiro EPP (Exército do Povo Paraguaio), acusado de sequestros e assassinatos no país.
Segundo o New York Times, diante da recusa, o ministro do Interior paraguaio, Rafael Filizzola, ameaçou fechar as operações do DEA no país.
Os diplomatas depois concordaram em permitir os grampos para investigar sequestros, por não terem “outra opção viável”, diz um telegrama.
O jornal americano afirma que a DEA tem 87 escritórios em 63 países e que há muitos governos interessados em se aproveitar de sua tecnologia de grampeamento.
Um porta-voz da agência antidrogas não quis comentar o assunto no sábado, alegando que os documentos divulgados pelo WikiLeaks são considerados secretos.